A Praia do Félix fica a cerca de 15 km do centro de Ubatuba, no caminho para Paraty. Sua beleza é marcada pela vista panorâmica, o mar rebelde no canto esquerdo e o mar calmo no lado direito. Várias árvores enfileiradas na orla fazem sombra sobre a grande faixa de areia em frente ao mar, e no canto direito há uma piscina natural de água salgada cercada por pedras e cheia de peixinhos. A entrada é pela rodovia Rio-Santos Km 33, antes do posto de guarda rodoviário, passando pela entrada de um condomínio e após 800 metros, chega-se à Praia do Félix. Atrás do posto, há um mirante com vista para a praia e as ilhas próximas.

A praia tem areia branca e solta, sombreada por abricós, com barracas rústicas, ideal para pesca e mergulho, tendo como vista a ilha Laje Grande, local de pesca de garoupa. É uma das praias de Ubatuba mais procuradas para ensaios fotográficos, especialmente ao amanhecer. No canto direito da praia, os carros ficam estacionados na rua do condomínio e uma pequena trilha leva até a praia. O mar calmo é ideal para crianças, há um “riozinho” de água doce e é comum avistar tartarugas. Pelo canto direito, também é possível acessar a Prainha do Félix, hoje chamada de Praia do Português, cujo acesso pela costeira é possível em dias de maré baixa.

O caminho de veículo para o canto esquerdo é por uma estradinha de terra, que passa por uma propriedade particular, com estacionamento próximo à praia, no quiosque do Bruzzi. O canto esquerdo é favorável para o surf, e há o início de uma trilha pela Mata Atlântica até a Praia das Conchas.

Longe da agitação do centro de Ubatuba, a Praia do Félix é tranquila e ideal para descansar. Mesmo sob sol intenso, a praia permanece fresca durante o dia, com uma leve sensação de frio à noite. Outra opção de lazer é visitar a Ilha do Prumirim, com um passeio de barco que leva menos de 10 minutos.

Proprietários estrangeiros de antigas fazendas na Praia do Félix pronunciavam com dificuldade o nome do senhor Feliz, dono das fazendas, que posteriormente foi homenageado com o nome da praia. Na praia, com vista para as ilhas do norte, está a Capela de São José, padroeiro do bairro, inicialmente erguida de pau-a-pique e depois reformada pela comunidade com material de alvenaria, transportado no “barco do padre”, pilotado pelo senhor Salvador, que fazia o itinerário de Ubatuba a Ubatumirim duas vezes ao dia, parando em todas as praias do trajeto.

A Ilha dos Porcos, também conhecida como Ilha da Almada, está localizada em frente à Praia do Engenho, na região norte de Ubatuba, dentro da Comunidade da Almada. A ilha é particular, possui uma casa e seu único morador é um caseiro. Apesar disso, a praia pode ser visitada livremente, oferecendo uma paisagem incrível com águas claras e transparentes.

Não é uma ilha muito frequentada, sendo um passeio privativo ideal para fugir da agitação dos feriados e da alta temporada. O acesso mais próximo é pela Praia da Almada, uma das últimas do litoral norte paulista. A Praia da Ilha dos Porcos tem uma larga faixa de areia fina e pequenas dunas que se movem conforme a força e a direção do vento. Suas águas são tranquilas e transparentes. A ilha possui 192.000 m², o equivalente a 92 campos de futebol, com cerca de 2.800 metros de trilha em meio à Mata Atlântica, área de cultivo e uma costeira formada por areia e rochas.

A ilha abriga uma mansão com 9 suítes e uma vista espetacular para o oceano. Dispõe de gruta com fonte de água potável, gerador de energia, heliponto, brinquedoteca, área de churrasqueira integrada à piscina, três casas para funcionários e um píer para embarcações. Sua praia particular é um reduto excelente para amantes de esportes náuticos, mergulho e snorkel. Um verdadeiro paraíso! A ilha, uma das mais importantes do Arquipélago da Picinguaba, é mencionada no livro "Cenário Transcendental – De Ubatuba a Paraty" de Ricardo Arnt.

História

Dr. Luis Roberto Silveira Pinto, conhecido como Dr. Luis na Comunidade da Almada, era o dono da Ilha dos Porcos. Ele foi um grande colaborador da Almada enquanto residiu na praia. Dr. Luis era proprietário de vários hospitais em São Paulo, fundador do plano de saúde Samcil e do Carvão Fortaleza. Faleceu em 4 de abril de 2011 em seu escritório na cidade de São Paulo. Segundo informações, o empresário foi encontrado sentado na poltrona de seu escritório com um tiro no peito, suspeita de suicídio. Dr. Luis tinha 75 anos.

Leilão

Em 2015, a ilha foi colocada em leilão com lance mínimo de R$ 25 milhões, porém não houve interessados. Em setembro de 2022, uma nova tentativa de leilão ocorreu com lance mínimo inicial de R$ 23 milhões, sendo reduzido para R$ 11,5 milhões, mas novamente sem ofertas. Quem adquirir a ilha num leilão levará uma casa com 1.100 metros quadrados, construída na década de 1990, com acabamento de primeira qualidade. A casa possui nove suítes, uma enorme sala de seis ambientes, despensa com copos e pratos, cozinha equipada com geladeira, micro-ondas e fogão industrial.

“O comprador poderá usar tudo isso, mas não será dono do terreno, pois a ilha pertence à Marinha. Os bens da União estão sujeitos a legislação específica. O arrematante terá o direito de uso, mas não a propriedade", explica Luiz Felipe Azevedo, representante dos donos da ilha. O imposto anual é de R$ 80 mil e, em caso de inadimplência ou guerra, a Marinha pode reivindicar a ilha.

A Ilha das Couves está localizada no extremo norte de Ubatuba, no arquipélago com o mesmo nome. É um lugar paradisíaco, já próximo à divisa com Paraty, também chamada de “Um Pedaço do Caribe no Brasil”. O caminho mais comum para o turista visitar a ilha, é via barco a partir da Praia de Picinguaba, um percurso de 15 minutos, contratando o passeio diretamente com a ABPP (Associação dos Barqueiros e Pescadores de Picinguaba). Também existem passeios de escuna ou lancha que partem da Praia da Almada, Praia do Estaleiro, Ubatumirim, e Praia do Itaguá próximo ao centro de Ubatuba. As duas praias da Ilha das Couves, chamadas de Praia de Terra (ou das Couves), com cerca de 100 metros e a Praia de Fora, maior que a primeira com cerca de 250 metros, permitem um desembarque fácil, e são frequentadas por banhistas e apneístas que exploram seus costões. As praias são interligadas por uma trilha de fácil acesso (cerca de 7 minutos de percurso), e suas águas são calmas, cristalinas, de cor verde esmeralda claro, com excelentes pontos de mergulho, sendo que a Praia de Fora apresenta em sua orla algumas pedras enormes.

Na Praia de Fora, temos também o início de uma trilha que leva até a uma costeira ficando-se bem próximo do Ilhote das Couves ou então o visitante pode optar em fazer a trilha até o mirante. Como infraestrutura local, a Ilha das Couves tem um quiosque na Praia de Terra, aberto principalmente durante a alta temporada, feriados e finais de semana. O local oferece desde porções rápidas, até refeições mais elaboradas. Em função do crescente número de visitas que a Ilha das Couves tem recebido, e visando a preservação ambiental se fez necessário o controle do número de barcos e turistas presentes na Ilha simultaneamente. Lembrando que é expressamente proibido pescar, ou deixar o lixo nas áreas deste paraíso.

As águas no entorno da Ilha das Couves contêm rica fauna marinha, e alguns pontos de mergulho são a paredinha das miriquites, o parcelzinho, costão de fora, a face oeste do ilhote das couves e o recreio das borboletas. A profundidade é de até 15 metros com ótima visibilidade, um fundo de pedras, com corais, cérebros, esponjas, bundiões, salemas, borboletas, frades, arraias e garoupas. Na face sul, é comum encontrar peixes de passagem como robalos, caranhas, enchovas e cavalas entre as belezas da vida marítima da ilha. O mergulho livre com snorkel é uma ótima atividade a ser praticada na região,  principalmente no pequeno canal entre a Ilha das Couves e um ilhote próximo, mas sempre tomando os devidos cuidados, em função das fortes correntes d´água que lá ocorrem. Vale a pena fazer a pequena trilha que liga as duas praias da ilha, realizada em torno de 7 minutos e também se aventurar em outra trilha um pouco mais longa até o topo da ilha, que disponibiliza uma vista incrível. 

Este é o último arquipélago do litoral paulista, antes de chegar ao Rio de Janeiro, e é formado pela Ilha das Couves (e seu Ilhote), Ilha Comprida, Ilha da Pesca, Ilha Rapada, Ilha da Selinha, Ilhotes, Lajes e Parcéis. A Ilha das Couves tem o formato alongado no sentido norte-sul, estreita com orla rochosa e vegetação de pequeno porte nas encostas, se alargando a partir de sua metade. Ocupa uma área de 58 hectares, está localizada a 2,3 Km da costa, apresenta uma orla de costões rochosos, encostas com vegetação rasteira e flora típica de Mata Atlântica. A ilha está dentro do território da Área de Proteção Marinha do Litoral Norte (APAMLN), sob jurisdição da Superintendência de Patrimônio da União (SPU). Uma das mais controversas é que, no auge da guerra fria, na iminência de uma batalha nuclear, um membro da família Rockefeller (uma das mais ricas dos EUA) resolveu construir uma casa no arquipélago. Dizem que ele havia pedido um estudo e aquela região seria a menos afetada pela radiação das bombas nucleares. Realmente há vestígios de uma grande construção na Ilha das Couves, mas nada foi confirmado. Outra coisa intrigante é o muro de pedra (construído pelo homem) no fundo do mar em frente a uma das praias. Hoje virou um dos melhores destinos para a prática de mergulho, mas ninguém sabe dizer como foi parar lá. Em 1987, quando um navio indonésio carregado de latas de maconha teve que se livrar rapidamente de sua carga, milhares de latas foram encontradas no litoral brasileiro, do Espírito Santo à Santa Catarina, mas estranhamente, uma quantidade enorme foi parar na Ilha das Couves. Esotéricos afirmam que o arquipélago tem uma energia diferente, uma força magnética, algo místico. Por isso, no final dos anos 1990, muitas festas “raves” foram feitas na ilha. Buscando uma conexão holística, pessoas de todo Brasil acampavam e dançavam ao lado de caixas de som que não paravam de tocar música eletrônica por até sete dias na sequência.

 

A Toca da Velha

Pelo mar do arquipélago das Couves, avista-se a Toca da Velha, também chamado de Toca da Bruxa ou Buraco da Velha, uma pequena caverna escavada pela ação do mar em uma rocha de cerca de 12 metros de altura. Um local lindo, com águas transparentes, muitas pedras que podemos avistar de dentro da embarcação. Mergulhar nessas águas é simplesmente fantástico! 

Um pouco da história: A origem do nome da Ilha vem do sobrenome de um de seus antigos donos: “Couves”, era então chamada de Ilha dos Couves. E essa gruta (toca) leva esta nome por conta de uma senhora da família dos Couves, que vendia neste local mantimentos como água e farinha, para as embarcações que ali atracavam durante tempestade e mar bravo. O local ficou conhecido pela fenda de pedra onde a senhora fazia seu comércio e a gruta como Toca da Velha.

 

Regras para o turismo na Ilha das Couves (Portaria de 26/12/19)

A secretaria de Meio Ambiente de Ubatuba informa que a visitação à Ilha das Couves, um dos principais atrativos do município, é limitada a 177 pessoas simultaneamente por faixa de horário (das 8h às 11h, das 11h às 14h e das 14h às 17h), somando um total de até 531 pessoas por dia. A determinação é da Fundação para a Conservação e Produção Florestal (Fundação Florestal) do Estado de São Paulo, por meio da portaria FF/DE 315, de 26 de dezembro de 2019, que também define regras para o transporte de passageiros. Este ordenamento turístico tem como objetivos garantir a segurança dos turistas e a proteção da socio biodiversidade na ilha, levando em consideração a legislação ambiental em nível federal e estadual. As regras foram definidas a partir de diálogo realizado com a comunidade caiçara da Vila de Picinguaba por meio de diferentes audiências e consultas públicas realizadas com o apoio das secretarias de Turismo e de Meio Ambiente da prefeitura de Ubatuba.

 

Além da capacidade diária de visita, a portaria define que o transporte de passageiros deve ser feito somente por operadores credenciados, nos seguintes termos:

I – Das 8h às 11h da manhã, o transporte de passageiros poderá ser realizado exclusivamente pela comunidade tradicional caiçara da Picinguaba, por meio de barcos preferencialmente de até 08 metros, sem cabine habitável e com motor de popa de até 50hp;

II – Das 11h às 14h da manhã, o transporte de passageiros poderá ser realizado exclusivamente pela comunidade tradicional caiçara da Picinguaba, por meio de barcos preferencialmente de até 08 metros, sem cabine habitável e com motor de popa de até 50hp;

III- Das 14h às 17h, o transporte de passageiros poderá ser realizado pelas comunidades do Estaleiro, da Almada e de Ubatumirim, em um único turno, limitado ao número de 108 visitantes, por meio de barcos preferencialmente de até 08 metros, sem cabine habitável e com motor de popa de até 50hp;

IV- Das 14h às 15h30 e das 15h30 às 17h, o transporte de passageiros poderá ser realizado por uma escuna, com no máximo 49 passageiros, para cada período;

V- Das 14h às 15h, das 15h às 16h e das 16h às 17h, o transporte de passageiros poderá ser realizado por uma ou duas lanchas, com no máximo 20 passageiros, para cada período.

 

O Parque Estadual da Ilha Anchieta (PEIA), foi criado em 1977 e é um dos principais atrativos turísticos de Ubatuba, tanto pela importância histórica com as Ruínas do Presídio, suas belas praias e trilhas, seus excelentes pontos de mergulho e pela Mata Atlântica preservada. Antes de se tornar Parque Estadual, foi Colônia Correcional, Presídio Político e Prisão de Segurança Máxima. Localizada muito perto do continente, apenas à 600 metros, observada de longe, vemos duas enorme montanhas, o Morro do Papagaio e Morro do Farol, e por conta desta formação geológica, a ilha era chamada pelos indígenas de “Pô-Quã” que significa “Duas Pontas”. Chamada antigamente de Ilha dos Porcos, conhecida também por “Pérola do Litoral Norte e durante o funcionamento do presídio batizada de “Ilha do Diabo”. A ilha teve a atual denominação de Ilha Anchieta dada em 1934, como parte das festividades, do quarto centenário de nascimento do padre José de Anchieta. O acesso é fácil por barco, lancha, SUP ou escuna, sendo que o passeio por escuna dura em média 4 horas. As saídas usuais são do Píer do Saco da Ribeira, da Praia da Enseada, do Itaguá ou do Lázaro, e no caminho até a ilha é comum receber a visita de golfinhos que acompanham a embarcação.

A Ilha Anchieta é a segunda maior ilha do Estado de São Paulo, possui algumas trilhas terrestres, uma subaquática e abriga as ruínas da antiga prisão de segurança máxima do Estado de São Paulo. Está em uma área de proteção ambiental criada através do decreto de lei 9.629 de 29 de março de 1977 e administrada pelo Instituto Florestal, órgão vinculado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente.   Esta ilha é uma das áreas protegidas pelo governo, por sua importância devido a sua riqueza histórica e natural.   A Ilha Anchieta conserva uma floresta exuberante, com diferentes estágios de formação: restingas, campos de samambaias, campos antrópicos e acredite, até um manguezal. A vegetação é rica, podendo encontrar árvores como a amendoeira-da-praia, a palmeira leque e ainda o coco-da-baía. Com uma área de 826 hectares (8,26 km²), a ilha abriga uma pequena fauna, a maioria introduzida na Ilha em 1983 pelo zoológico de São Paulo, cerca de 16 espécies de animais, sendo que a população de saguis, capivaras e quatis cresceu de forma desequilibrada, levando os biólogos e pesquisadores a pensar em uma forma de manejo destas espécies, que sempre estão atrás dos biscoitos dos turistas.

Levantamentos científicos constataram a presença de 72 espécies de aves, entre as quais: sabiá, juriti, tangará, tiê-sangue, coleirinho, saíra, bem-te-vi, atobá, gaivota e beija-flor. Nas águas cristalinas que cercam a ilha são encontrados cardumes de tainhas, robalos, carapaus, sardinhas, peixes voadores, toninhas (golfinhos) e tartarugas marinhas, protegidos por um polígono de interdição de pesca de qualquer modalidade. Existe uma grande população de serpentes na ilha, entre elas, caninanas e jararacas, sendo necessário utilizar botas ao caminhar pelas trilhas. Uma outra curiosidade é a presença de enormes vespas caçadoras, que apesar de inofensivas, impressionam pelo tamanho.

No Parque Estadual é proibido acampar, pescar, retirar do mar ou dos costões qualquer espécie de flora ou fauna marinha, colher mudas, cortar plantas, levar animais domésticos e abrir caminho pela mata. Estando na ilha é possível encontrar o pessoal do projeto “Filhos da Ilha“, que são familiares, amigos e admiradores dos que viveram na ilha e estavam lá no dia da rebelião. Eles te contarão fatos que marcaram para sempre a história da ilha.

A Ilha Anchieta é considerada um dos melhores pontos de mergulho do Brasil. O mergulho contemplativo é liberado, e a riqueza da fauna, flora e grandes peixes de passagem, permitem uma bela viagem pelo mundo submarino, bastante procurada para fotos submersas. A profundidade varia entre 3 e 12 metros e a temperatura média da água fica entre 20°C e 28°C.

No verão costumam ocorrer quedas bruscas na temperatura, chegando até 15°C, portanto, durante o mergulho, o uso de roupas isotérmicas é recomendável o ano todo. A visibilidade varia muito em função de correntes e condições climáticas, indo de 2 a 10 metros. O fundo é composto de costões rochosos e areia. Fauna e flora são abundantes, podendo-se observar corais cérebro, esponjas, algas, tartarugas, budiões, arraias-prego, garoupas, badejos e peixes coloridos, principalmente na Ponta Sul.

Esta trilha é uma atração na Ilha Anchieta, realizada desde 2001 conta com atividades de interpretação ambiental em três tipos: Trilha de Mergulho Livre, Trilha dos Ecossistemas e Trilha do Aquário Natural. Antes de entrar na água, os participantes recebem orientações para evitar impactos ambientais durante a prática. No caso da Trilha de Mergulho, os monitores ministram treinamento sobre técnicas e como usar o equipamento.

As atividades de mergulho são realizadas ao longo do costão rochoso entre a Praias do Presídio e a Praia do Engenho. Avistam-se estrelas do mar, coral cérebro, algas e muitos peixes. É uma atividade incentivada pelos instrutores do parque que permite ver com detalhes a rica fauna e flora da costeira e aprender junto com os pesquisadores a sua importância. Interessante é o flutuador que é utilizado durante esta trilha, construído com garrafas pets recicladas e que é muito apropriado para a atividade, uma perfeita boia de sustentação, além de ser ecologicamente correto.

A ilha possui sete praias (Praia do Engenho, Prainha de Fora, Presídio, Sul, Leste, Palmas e Sapateiro) e existem várias trilhas para caminhadas. Costões cercados de Mata Atlântica levam à Praia do Sul. A Trilha da Prainha tem 530 metros de extensão e liga a “Praia do Presídio” à “Praia do Engenho”, onde em seu canto direito, grandes rochas formam uma piscina natural no mar (“Aquário”).

As Praias do Presídio e do Sapateiro são as praias de recepção da Ilha. O píer usado para o embarque e desembarque dos visitantes é o que delimita suas fronteiras. Convém mencionar que no passado, não existia a divisão entre essas praias, era conhecido apenas como Praia do Presídio. Estas praias são as primeiras avistadas pelo turista, ao chegar de escuna no píer da Ilha Anchieta. Elas têm areias amareladas, são praias de tombo onde não é aconselhável o nado para crianças, porém praias belíssimas de águas cristalinas e areia bem límpida. Todas as construções da ilha ficam em suas imediações: o centro do atendimento ao turista, por exemplo, que funciona como guia e o museu da ilha, logo atrás do centro, onde estão localizadas as ruínas do antigo presídio.

O local encanta tanto pela beleza, como pela história da rebelião de presos ocorrida em 1952, o que levou a desativação do presídio que ali funcionava. No canto direito da Praia do Presídio, temos um córrego de água doce, limpíssima, que vem de nascente. Não se sabe ao certo o motivo do nome Praia do Sapateiro, dizem que a razão é porque no dia da rebelião, na tentativa de fuga, muitos presos perderam seus sapatos neste local.

A Praia do Engenho, também chamada de Prainha, está localizada cerca de 530 metros à esquerda de quem desembarca no píer, por uma trilha fácil de 10 minutos de caminhada. As águas da Praia do Engenho são límpidas, tranquilas e propícias para receber as mais variadas embarcações trazendo visitantes e pesquisadores. A praia tem pouca extensão, areia predominante de cor amarela, mas com trechos com areia escura (monazítica), Mata Atlântica ao fundo e outro destaque é a ducha de água doce canalizada diretamente da montanha da ilha. No canto direito da Praia do Engenho, temos o acesso a uma prainha protegida do mar por pedras enormes, formando uma piscina natural de água salgada, local batizado de “Aquário”. Este cantinho especial, recebe os visitantes que se encantam com os peixinhos. O mergulho livre é permitido com o uso de máscara e snorkel porém sem nadadeira para não incomodar os animais marinhos.

No caminho para a Praia do Engenho, temos a possibilidade de subir no Mirante do Boqueirão com visual fantástico da baía principal da ilha, onde avistamos à esquerda, a Praia das Palmas e a sua frente, as belas montanhas da Serra do Mar, com destaque para o imponente Pico do Corcovado e o “Boqueirão”, como é chamado o estreito canal do mar, de grande profundidade, cerca de 40 metros, que separa a ilha do continente.

No lado do continente, temos a Ponta da Espia, onde no passado tínhamos uma guarita de observação / segurança do presídio, vigiando as ações dos prisioneiros e evitando fugas pelo mar. A distância entre a ilha e o continente é de aproximadamente 500 metros e a geologia explica que milhares de anos atrás a Ponta da Espia estava ligada ao que é hoje a Ilha Anchieta, e formava um “continuum” de Mata Atlântica.

Devido ao aumento do nível do mar, hoje a conexão não é visível, ocorrendo na parte submersa e através de animais de voo longo (aves e morcegos), que transitam entre a ilha e o continente.

A Praia das Palmas que no passado era chamada de Praia Grande da Ilha Anchieta, é a mais extensa de todas as praias da ilha. Localizada em uma enseada de águas tranquilas que banham sua orla, e fica à direita de quem desembarca na ilha.

São apenas dez minutos de caminhada do píer por uma trilha plana e agradável, onde você pode avistar diversos animais da fauna local. No caminho, passamos por um orquidário, que é uma homenagem ao Sr. Tokuiti Hidaka, um imigrante japonês que foi prisioneiro da ilha, e resistindo aos tempos difíceis cultivava as plantas.

A Praia das Palmas fica em uma pequena baía de águas esverdeadas calmas e cristalinas, estreita faixa de areia branca, com costeiras rochosas e muitas pedras espalhadas. Um caminho para chegar ao meio da Praia das Palmas é percorrendo a Trilha da Restinga, que se inicia no canto direito da praia, com cerca de 715 metros e nos permite vivenciar sua fauna e flora. Esta área foi muito devastada no passado, suas árvores foram retiradas para construir casas, para servir de lareira e para móveis. Inclusive nesse local também ficavam as hortas dos japoneses e o campo de futebol, onde jogavam os presos contra times do continente e até contra os militares!

Na restauração ecológica desta área degradada foram replantadas mais de 30.000 mudas de árvores a a Trilha da Restinga, reserva algumas curiosidades fantásticas, caso de uma pequena árvore chamada de Kalunga ou Paraíba Mirim, planta endêmica do Brasil, que só existe em 3 Estados: Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. E no Estado de São Paulo, o único registro que temos é na Ilha Anchieta. ou seja, ela resistiu a devastação que ocorreu na ilha durante suas ocupações.

O professor José Pirani e o pesquisador Marcelo Devechi localizaram a Kalunga na ilha no ano de 1998. E em outro momento, em uma iniciação científica, feita por uma engenheira florestal, fez-se o mapeamento de cerca de 700 unidades de Kalunga. Esta árvore dá um fruto com gosto parecido com a mistura de pêssego com manga, muito apreciado pelos morcegos, cotia e paca, animais locais. Ah… o nome Paraíba Mirim vem por conta que tem algumas plantas geneticamente parecida com a Kalunga e uma delas é encontrada na Paraíba.

Na Trilha da Restinga, também temos acesso às ruínas do antigo cemitério da Ilha dos Porcos (*) (como era chamada a Ilha Anchieta). Localizado próximo ao meio da praia, apenas 50 metros do mar encontram-se os jazigos dos búlgaros e gagaúzos, em sua maioria crianças que faleceram ao se alimentar de mandioca brava. Segundo registros, até o início do século XIX, a ilha fora habitada por indígenas e a tribo usava este terreno como cemitério, o mesmo utilizado pelos militares para enterro dos presos e moradores da praia.

Na praia temos muitas árvores no entorno sombreando a orla e é possível observar muitos peixes nos recifes. A Mata Atlântica ao fundo da praia compõe o belíssimo cenário natural. O mar com águas tranquilas, propicia fácil atracamento de embarcações, que escolhem o lugar para passar o dia e curtir a natureza.

A Praia do Sul tem seu acesso de barco ou estando na ilha, na área do presídio por exemplo, é possível o acesso por uma trilha se inicia logo após passar pela entrada para a Praia das Palmas, Uma trilha interessante por dentro da Mata Atlântica e bem sinalizada. A trilha para a Praia do sul se inicia logo após passar pela Praia das Palmas, são cerca de 1300 metros até chegar ao destino final. O esforço que não é grande é recompensador. A Praia do Sul é uma pequena praia de águas verdes, pouco frequentada já que a grande maioria dos visitantes não se arrisca na trilha, e este percurso só pode ser feito com a presença de monitores do parque. A trilha que já era utilizada antigamente pelos pescadores e moradores da região, foi muito devastada no passado e hoje passa por um processo de recuperação ambiental. É um percurso que está documentado com capacidade de carga e pontos interpretativos da Mata Atlântica, restinga, lendas, histórias e grande variedade de fauna, que é fonte de estudo para as escolas que visitam o Parque Estadual da Ilha Anchieta. No meio da trilha há um pequeno desvio que leva até um mirante com vista para toda a enseada das Palmas. Ao chegar à esta praia paradisíaca, observamos as águas cristalinas do mar, vegetação de restinga e abundante vida marinha, sendo um convite para o mergulho livre.

Seu acesso convencional é somente de barco, isso porquê as trilhas que levam até ela partindo da Praia do Presídio por exemplo, usadas por pesquisadores nunca foram abertas para turistas e estão fechadas pela Mata Atlântica. É uma praia pequena de águas límpidas, faixa de areia amarela, com um córrego de água doce em seu canto esquerdo, ideal para se tirar o sal depois de um dia de praia. A beleza do lugar é impressionante, preservada como originalmente sempre foi, e tendo ao fundo a presença da Mata Atlântica.

Em 14/9/1997, uma estátua de Jacques Costeau, com 1,80m, pesando 300Kg, foi colocada a nove metros de profundidade próxima ao costão rochoso na Praia do Leste, pela Associação das Operadoras de Mergulho de Ubatuba. O objetivo foi estimular a prática deste esporte e também uma homenagem ao cientista francês e “pai do mergulho”.

Estátua de Jacques Cousteau restaurada exposta na Praça da Baleia região central de Ubatuba

Posteriormente a estátua foi retirada para restauração, e encontra-se na Praça da Baleia, próxima a região central de Ubatuba. Outra curiosidade desta praia é que em 1850, a Inglaterra montou um forte neste local, uma base da marinha inglesa, para combater o tráfico de escravos (os navios negreiros). Procurando com cuidado, é possível achar ruínas deste forte.

A Praia de Fora da Ilha Anchieta, também chamada de Prainha de Fora, Prainha do Leste, Praia de Dentro ou somente Prainha, tem seu acesso usual de barco, visto que não temos trilha aberta pela mata para chegar até ela. Ela fica bem ao lado da Praia do Leste, e é uma praia com pequena extensão de areia amarelada, com muitas pedras em seu entorno, algumas pedras enormes e submersas em suas águas o que também dificulta a aproximação de embarcações.

O local é praticamente desconhecido, pouquíssimo explorado. Alguns nadadores e mergulhadores chegam até a Prainha de Fora, vindo da Praia do Leste. Estudos científicos realizados nesta praia, encontraram um antigo artefato lítico, bifacial, bem trabalhado. Os artefatos feitos de pedra, também chamados de líticos, são ferramentas usadas para as mais variadas tarefas e que, por isso, podem nos informar muito sobre a caça, a pesca, a agricultura e a tecnologia, para transformar materiais brutos em bens manufaturados, para construir habitações ou para remodelar os terrenos onde eram instaladas as aldeias.

A extensão desta trilha é de 2.600 metros (ida e volta) e a caminhada começa logo atrás da Praia do Presídio percorrendo uma área direcionada a estudos e pesquisas. Um pouco antes de entrar na trilha, temos as ruínas da antiga “Casa do Médico”.

Uma curiosidade é que este local dava atendimento médico ao pessoal da Ilha Anchieta, mas também vinham pacientes do continente se tratar, e um dos atendentes que prestava serviço era o Sr. Filhinho, conhecido na cidade por ter sido prefeito e farmacêutico.

No início temos uma leve subida e em cerca de 400 metros chegamos às ruínas do antigo quartel da Força Pública (onde foram mortos soldados e civis na rebelião de 1952), ruínas da Vila Militar e da Casa do chefe da disciplina. Nesta trilha tínhamos a antiga fábrica de tijolos: Olaria SEIA (Serviço de Engenharia da Ilha Anchieta).

No caminho temos também a Ducha do Maneco e no final da trilha, no costão rochoso, deparamos com um mirante das ilhas da região e do mar aberto.

Histórias da Ilha Anchieta, o Presídio, Rebelião, Fatos e Lendas

O primeiro “dono” desta ilha que se tem notícia, foi o cacique Cunhambebe, o mais poderoso chefe da nação Tupinambá, sendo que um dos seus prisioneiros mais famosos, foi o alemão Hans Staden, conhecido como o primeiro “turista” a visitar Ubatuba e descrever o dia a dia dos indígenas. Em torno deste cacique é que se articulou todo o trabalho do Padre José de Anchieta a fim de conseguir a “paz” entre os portugueses e os indígenas do litoral, chamados de Tamoios (que quer dizer “os primeiros” ou os “donos da terra”), surgindo também daí a reunião indígena “Confederação dos Tamoios”.

A ilha nessa época era conhecida como a Tapera de Cunhambebe, eles a chamavam de “Tapira”, traduzido como “lugar calmo”, e a ilha também era denominada como “Pô-Quã” (que quer dizer “pontuda”), provavelmente por se referir as duas montanhas de seus extremos: Morro do Papagaio e Morro do Farol.

Habitada por indígenas, dentre os quais, Cunhambebe, desde que se tem conhecimento, a ilha Anchieta recebeu os primeiros colonizadores ingleses, franceses e holandeses aproximadamente no ano de 1600. Suspeita-se que por volta de 1803 começaram as primeiras construções do que mais tarde viria a ser o presídio da então ilha dos Porcos.

– Em 1800 um destacamento do exército português, se instalou para garantir a posse da terra.

– Em 1850 a ilha abrigou uma base da marinha inglesa, instalada na Praia do Leste, para combater o tráfico de escravos (os navios negreiros).

– No início de 1870 a ilha já estava bastante povoada e tinha plantações de café, cana e até engenhos de pinga.

– Em 1885 a ilha passou a ser denominada Freguesia do Senhor Bom Jesus da Ilha dos Porcos.

– Em 1902 foram desapropriadas cerca de 412 famílias, para dar início a construção do projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, da Colônia Correcional, destinada a recolher os “homens bêbados e os considerados vadios”.

– Em 1908 foi inaugurada a “Colônia Correcional do Porto de Palmas”.

– Em 1914, com a difícil e dispendiosa manutenção, a colônia foi desativada e os internos foram transferidos, para a Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté e para o Instituto de Reeducação de Tremembé no Vale do Paraíba.

– Em 1926, o governo paulista, após expulsar os caiçaras que haviam ocupado a ilha, enviou 2.000 imigrantes colonos búlgaros e gagaúzos, fugitivos da revolução russa, que estavam abrigados em São Paulo, para a ilha, que tentaram nela sobreviver. Porém sem saber distinguir nas plantações nativas indígenas a colheita certa, morreram mais de cem pessoas, envenenadas (em sua grande maioria, crianças), após comerem mandioca brava, com isso, o governo mandou-os de volta à sua pátria.

– Na década de 1930, as edificações do presídio passaram por uma reforma, com o intuito de receber presos políticos da ditadura Getúlio Vargas, tendo ocorrido uma revolta em 1933, em que cerca de cem presos depredaram as instalações e tomaram o controle da guarda. Contudo, a situação foi controlada, não havendo mortos.

– A ilha foi chamada de “Ilha dos Porcos”, que era um nome de cunho pejorativo, que durou até 19/03/1934, quando da comemoração do quarto centenário de nascimento do Padre José de Anchieta. O então presidente Getúlio Vargas, através de seu interventor Armando Sales de Oliveira, altera o nome da ilha para Anchieta, e o presídio, “Instituto Correcional da Ilha Anchieta”.

– Os prisioneiros políticos foram transferidos para a penitenciária da ilha, juntando-se a detentos comuns, presos de alta periculosidade, menores infratores, incluindo aqueles sem nenhum processo, muito menos condenação, os considerados “vadios”.

– Tem-se a informação que Graciliano Ramos, também ficou preso na Ilha Anchieta, antes de seguir para Ilha Grande (Instituto Penal Cândido Mendes), local onde escreveu uma de suas obras: “Memórias de um Cárcere”, um livro de memórias, publicado postumamente, em setembro de 1953, em quatro volumes. O autor não chegou a concluir a obra, faltando o capítulo final. Graciliano havia sido preso em 1936 por conta de seu envolvimento político com a chamada Intentona Comunista, de 1935. A acusação formal nunca chegou a ser feita e Graciliano foi preso sem provas e sem processo.

– Em 1945, chegou à ilha outro grupo de presos políticos, chamado de “Shindo Romei”, idealistas japoneses que durante a segunda guerra mundial, executavam seus compatriotas aqui mesmo no Brasil, por considerá-los amigos dos brasileiros e, por conseguinte, traidores do Japão. Nesta época a população carcerária da ilha chegou a 950 detentos.

– Em 1952 aconteceu a “Grande Fuga”. Sob a liderança de Pereira Lima, Faria Lima, Diabo Loiro e China, 107 presos fogem do presídio, abrindo caminho a balas pela praia num confronto que matou 8 soldados e 4 funcionários penitenciários. Foi a maior evasão de detentos da história carcerária mundial. Relatos de presos se entregando e, mesmo assim, sendo massacrados até a morte e de presos fiéis ao presídio lutando ao lado dos policiais são encontrados até hoje em obras que tratam do assunto.

– Em 1955 o presídio foi desativado definitivamente e apenas em 1969, por um projeto chamado FUMEST, suas ruínas são transformadas em atração turística pelo governador Abreu Sodré.

– Em 1984 o governador Franco Montoro cria o Parque Estadual da Ilha Anchieta, e a ilha se torna um grande polo turístico de Ubatuba.

– Em 1999, tivemos uma reforma, que recuperou instalações de infraestrutura turística.

Basicamente em 1950, a estrutura da ilha era dividida em Presídio, Vila de moradores e Vila do quartel. As celas do presídio foram construídas de modo a formar um pátio retangular, e era nesse pátio que os presos se reuniam.

No início da década de 1950, estavam confinados na ilha, cerca de 453 presos, e havia bastante animosidade entre grupos rivais, que se enfrentavam no pátio, e os cerca de 50 policiais tinham grande trabalho para conter estes conflitos, sendo o principal líder dos presos, o perigoso João Pereira Lima, o “Pernambuco”.

A rotina do presídio mudou quando chegou para cumprir pena, Álvaro da Conceição Carvalho Farto, o famoso “Portuga”, um criminoso com conhecimentos de engenharia e muito inteligente. Aos poucos Portuga passou a influenciar os outros presos, dando funções específicas a cada um, organizando a vida interna, o que diminuiu os conflitos. Alguns presos pescavam, outros cuidavam da lavoura e outros do corte de árvores. Mas as intenções do Portuga não eram bem essas.

 

Ruínas do Presídio – Destaque para o acabamento da parede, sobre os tijolos, temos massa de cimento, imitando blocos

Tendo criado uma organização entre os presos, passou a arquitetar um plano para uma rebelião, que incluía a tomada do presídio e das armas que ficavam no quartel do Morro do Papagaio. Sob a influência do Portuga, os detentos passaram a ser mais cordiais e gentis, se aproximaram bastante dos policiais e até da população da ilha, num clima de confiança e paz que na verdade era o preparatório para o golpe.

O dia escolhido para a ação foi 20 de junho de 1952, pela manhã, quando 110 presos foram buscar a lenha que já havia sido cortada por outro grupo de 12 presos. Estes 110, foram acompanhados de apenas dois soldados e dois guardas civis do presídio. Naquele dia, por volta das 12 horas, chegaria a embarcação, chamada “Ubatubinha”, trazendo mantimentos, como sempre acontecia uma vez por mês. Os presos planejavam tomá-la de assalto para fugir da ilha. Um dos soldados que acompanhava os presos foi morto, outro dominado e amarrado em uma árvore, assim como os dois guardas civis.

João Pereira Lima, assumiu o comando da rebelião, e os detentos retornaram ao presídio, e no início do ataque ao quartel, com um tiro de fuzil, matou o “armeiro” (soldado Otávio dos Santos), e depois iniciou-se um confronto com os demais soldados. Os detentos invadiram a reserva de armas e se apoderaram de fuzis, mosquetões, metralhadoras, revólveres e farta munição.

Invadiram todas as dependências do presídio, arrombando as portas dos pavilhões e das celas, libertando todos os detentos e atacaram as residências do diretor e do tenente da Guarda Militar. A vitória dos presos foi completa, estouraram o cofre forte do presídio, executaram alguns soldados e agentes penitenciários e em liberdade passaram a dar as ordens na ilha. Em meio a toda esta desordem, uma voz se fez ouvir; “Se eu souber que alguma mulher ou criança foi maltratada, o autor terá morte pelas minhas mãos…..nosso fim é a fuga”. Frase proferida por João Pereira Lima, o líder da rebelião.

De um total de 129 fugitivos, 15 foram mortos nos conflitos com a polícia na Serra do mar,  porém seis nunca foram recapturados. A rebelião deixou ao todo 28 mortos, sendo 18 presos, 8 policiais e 2 funcionários civis. E o grande líder, Portuga, que tinha problemas cardíacos, foi encontrado morto na ilha. 

De 1952 a 1955, a ilha sediou um fórum, com juiz, promotor e 20 advogados, com a finalidade de julgar os presos capturados. Em 1955, o presídio da Ilha Anchieta foi desativado e os presos transferidos para a Casa de Custódia de Taubaté, um presídio de segurança máxima. Esta foi uma rebelião histórica, notícia em todo mundo e quem visita o presídio tem acesso as informações sobre a construção do prédio, os presos que lá estiveram, o plano de fuga e a rebelião.

“Filhos da Ilha” é como são chamadas as pessoas que nasceram, moraram e/ou trabalharam na Ilha Anchieta na época da rebelião. Este evento de resgate da história da rebelião do presídio da Ilha Anchieta, denominado “Filhos da Ilha”, foi organizado pelo Tenente Samuel, oficial da Polícia Militar já reformado. Trata-se de um encontro destes remanescentes, que acontece anualmente, para relembrar o trágico acontecimento de 1952. O que antes era motivo de tristeza, hoje é um evento marcado pela solidariedade, paz e emoção. Familiares de pessoas que viveram, trabalharam ou estiveram presas na época, se reúnem para não deixar que a história se perca.

Edson Conti (Curiosidades de Ubatuba) e Tenente Samuel (autor do livro Ilha Anchieta – Rebelião e Fatos)

O evento, teve início num encontro em Taubaté com 63 pessoas, e atualmente conta com algumas centenas de pessoas, que lotam as escunas em busca de um resgate social e histórico, além da confraternização e um belo passeio marítimo. Também é celebrada uma missa na capela da Ilha por intenção daqueles que perderam a vida no levante de 1952 e também por todos os “Filhos da Ilha”, tanto os que moraram no local como de seus descendentes.

No dia 6 de agosto é comemorado o Dia do Senhor Bom Jesus, padroeiro da Ilha Anchieta. Esta é uma comemoração histórica que era feita na metade do século XIX, em 1850, quando a Ilha Anchieta era chamada de Ilha dos Porcos.

Naquela época, a ilha era um povoado da comarca de Ubatuba bastante habitada, que contava com casas, plantações, pequenos negócios, uma escola, uma capela e um cemitério. Já naquela época, no dia 6 de agosto, a Festa do Padroeiro Senhor Bom Jesus da Ilha dos Porcos era feita na mesma capelinha que existe hoje. Em 1999, a Capela da Ilha Anchieta, projeto original de autoria do arquiteto Ramos Azevedo, foi restaurada graças a uma parceria entre a prefeitura de Ubatuba, a Igreja Católica, a Polícia Militar e a Diretoria do Parque Estadual da Ilha Anchieta.

No dia de Bom Jesus houve uma procissão de barcos levando a imagem esculpida pelo artista Da Motta, com a presença de todos os envolvidos nesta tarefa, bem como de muitos familiares e antigos moradores da Ilha Anchieta. Uma curiosidade é que quando o Projeto TAMAR era na Ilha Anchieta, esta capela recebia as exposições.

O organizador do “Filhos da Ilha” é um tenente que nada tem a ver com a rebelião na Ilha, senão a paixão pela história e uma série de coincidências que o levaram promover esses encontros. “Não planejei nada, foi acontecendo naturalmente”, afirma o Tenente Samuel Messias de Oliveira. Ele não trabalhou no Instituto Correcional da Ilha Anchieta, que foi o primeiro presídio de segurança máxima do estado de São Paulo, mas trabalhou em diversos outros presídios, como o Carandiru, a FEBEM e o Instituto de Reeducação de Tremembé. Neste último, conheceu João Pereira Lima, o líder da rebelião e teve contato com policiais e soldados. Antes disso, havia lido o livro “Motim na Ilha”, que representou seu primeiro contato com a história.

Mais tarde, o tenente resolveu ir conhecer a Ilha “pessoalmente” e encontrou o presídio em ruínas, bem como a sua história, como se fosse algo a ser esquecido. A partir disso, começou a pesquisar e escrever a história em jornais e livros, para homenagear os sobreviventes. Samuel conta que, a princípio, era muito doloroso para os sobreviventes resgatar esse passado traumático, lembrar do massacre que deu origem a um filme italiano denominado “Mãos Sangrentas”.

“No primeiro encontro, quando exibi o filme da minha primeira visita à Ilha, muitas pessoas se emocionaram, passaram mal, mas aos poucos, eles foram reassumindo sua história. Hoje eles têm orgulho de serem descendentes do povo da Ilha. O encontro “Filhos da Ilha” representa um resgate espiritual, psicológico e social, onde histórias vêm à tona, as mágoas são dissipadas e o que predomina é a emoção e a solidariedade”.

 

História ou Lenda…

Segundo registros, até o início do século XIX, a ilha fora habitada por indígenas e a tribo usava o centro da Praia Grande (hoje conhecida como Praia das Palmas), três minutos das areias adentro, um terreno como cemitério, o mesmo utilizado pelos militares para enterro dos presos e moradores da praia.  Alguns pescadores contam a história, que afirmam ser verdadeira, que na época em que a pesca era liberada, eles passavam a noite acampados na Praia Grande e lá passavam o picaré (pesca de dois ou mais homens. A rede vertical de aproximadamente um metro e meio é presa por um bambu em ambas as laterais).  Um homem segura um extremo no raso, enquanto o outro entra no mar preparando o cerco e, no momento certo, ambos puxam a rede para a praia), porém ninguém ousava ultrapassar a terceira amendoeira ao lado direito da praia, após a meia-noite. Esta era assombrada: assobiava, sem que ninguém estivesse lá e só ela balançava como se estivesse ventando forte. Dizem que ficavam arrepiados e apavorados, que isso só podia ser coisa de alma penada. Mas, isso é coisa do passado…

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